A hepatite viral é uma das doenças mais prejudiciais em todo o mundo, seja pelo número significativo de doentes e sua grande mortali...

HEPATITE VIRAL




A hepatite viral é uma das doenças mais prejudiciais em todo o mundo, seja pelo número significativo de doentes e sua grande mortalidade, e pelo enorme volume de recursos médicos e econômicos necessários ao seu tratamento.

A hepatite é conhecida há mais de 200 anos, mas somente nas últimas décadas, a identificação de seus sintomas específicos tem facilitado diagnósticos precisos.

A doença se caracteriza por um processo inflamatório no fígado, que pode ser produzido por agentes virais que tenham uma afinidade especial por este órgão, como os vírus A, B, C, D e E, e outros como o Citomegalovirus, Espeten-Barr, Coxackie etc. Estes últimos se apresentam com freqüência muito menor. A hepatite pode ainda ser causada por bactérias, drogas, toxinas e álcool. A doença causada pelos diferentes tipos de vírus é clinicamente semelhante, mas o modo de transmissão e evolução é diferente para cada vírus. Os danos às células do fígado parecem ser determinados pelo tipo de resposta gerada pelo hóspede.

Quadro clínico

Independentemente da causa, as seguintes formas clínicas poder ser distigüidas:

Hepatite ictérica aguda ou comum:

Este tipo de hepatite começa com manifestações gastrintestinais inespecíficas, como náuseas, vômitos, falta de apetite, dor abdominal e febre, embora não sejam constantes. Posteriormente, estes sintomas se acentuam, agregando-se dores musculares e de cabeça, e faringite naqueles que têm hepatite A. A urina se torna escura e as fezes perdem sua cor normal, tornando-se esmaecidas. Entre duas e três semanas após o começo do quadro, a pele, os olhos e a boca adquirem uma coloração amarelada (a icterícia), os sintomas inespecíficos se atenuam ou desaparecem. Algumas crianças sofrem de uma intensa coceira e, como conseqüência, lesões. O começo súbito dos sintomas indica hepatite A, enquanto um começo lento e insidioso indica hepatite B. Em geral, a evolução da doença não dura mais do que 4 ou 6 semanas; são poucos os casos que se prolongam até três meses.

Hepatite anictérica:

Esta forma clínica parece ser a forma mais freqüente de todas as hepatites virais. Sua freqüência exata é difícil de estabelecer porque não se apresenta acompanhada dos sintomas mencionados acima, e somente com um controle bioquímico é que se pode identificá-la. Geralmente não se observam sintomas.

Hepatite colestática:

É a forma menos freqüente, tanto nas crianças quanto nos adultos. Caracteriza-se por uma intensa coloração amarelada da pele, da boca e dos olhos, febre e coceira intensa. Seu curso geralmente é prolongado, de 2 a 6 meses, mas não deixa seqüelas.

Hepatite prolongada:

Quando as manifestações clínicas permanecem por períodos de tempo que superam os três meses, às vezes até um ano.

Hepatite fulminante ou subfulminante:

A hepatite fulminante se apresenta duas semanas depois do começo da icterícia, enquanto a subfulminante começa entre duas semanas e três meses. Os sintomas são: incremento da icterícia, alterações do sistema nervoso, da coagulação e diminuição do tamanho do fígado. Em adultos, os vírus responsáveis, em ordem de freqüência, são: B, D, A, E e C. Na idade pediátrica o Vírus A é o responsável por 55% dos casos.

Distribuição

Hepatite A

Existe uma variação considerável na prevalência da infecção pelo vírus da Hepatite A em diferentes partes do mundo. Em áreas com condições sanitárias precárias e baixos níveis socioeconômicos é mais elevada, devido a forma de transmissão fecal-oral (contaminação dos alimentos pelas fezes de uma pessoa infectada). Sua incidência é independente do sexo e da raça. O período de incubação varia entre 15 e 40 dias. Devido à forma de transmissão, é comum a ocorrência de casos por contato familiar, nas escolas, instituições de menores etc. Também ocorre quando a água potável ou os alimentos são contaminados, especialmente os mariscos. Outra possibilidade de contágio é no caso de ausência de uma higiene adequada, ou manipulação por pessoas infectadas ou em fase de incubação.

Hepatite B

A Hepatite B é considerada um grande problema de saúde pública mundial por causa de sua distribuição global, pelo grande número de portadores do vírus e por sua relação com o câncer do fígado. É a responsável por doenças hepáticas de longa evolução. O período de incubação é de aproximadamente 45 a 160 dias, com uma média de 120 dias. Os dados em relação à infecção pelo vírus da Hepatite B são:

No mundo:
- Mais de 300 milhões de portadores crônicos.
- Mais de 100 milhões de pessoas infectadas anualmente.
- Mais de 2 milhões de casos fatais por ano.

A via predominante de transmissão é por contato sexual ou por produtos sangüíneos (transfusões, viciados em drogas que usam a via intravenosa). O vírus está presente no sangue e seus derivados e em todos os fluidos corporais (saliva, urina, líquido seminal, secreções vaginais, lágrimas, suor, leite), com a exceção das fezes.

Hepatite C

O vírus da Hepatite C tem uma distribuição universal e calcula-se que existam 100 milhões de portadores. A via principal de transmissão é através de produtos hemoderivados, ocorrendo o Vírus C em 80%-90% das hepatites por transfusões sangüíneas. A Hepatite C é uma complicação freqüente nos pacientes que tenham alterações de coagulação, com elevada incidência em
hemofílicos.

Hepatite D

As vias de transmissão são as mesmas do Vírus B. Se as condições higiênicas são ruins, aumenta a sua difusão através dos fluidos corporais contaminados. Quando afeta as crianças, é acompanhada de uma alta taxa de mortalidade, entre 10% e 20%.

Hepatite E

Encontra-se em áreas tropicais e subtropicais com condições socioeconômicas deficientes. Sua transmissão sempre ocorre pela contaminação da água com fezes que contém o Vírus E. Afeta, na maioria, jovens-adultos(15-40 anos), sendo baixa a ocorrência em crianças.

Tratamento

O tratamento se baseia no emprego de medidas simples de alívio dos sintomas e, em casos graves, na aplicação de tratamento específico.

A necessidade de internação é rara na hepatite viral de curso normal, não complicada, mas pode ser indicada quando as medidas higiênico-dietéticas devem ser garantidas. O isolamento é uma medida praticamente inútil, já que o período de contágio ocorre nas fases iniciais do quadro, geralmente antes da doença ter sido diagnosticada. A pessoa doente deve dispor de uma habitação individual e usar pijamas que cubram todo o corpo para prevenir a contaminação fecal dos lençóis. Sua roupa de cama, assim como os pratos e talheres de seu uso, devem ser recolhidos e lavados separadamente.

O repouso estrito não é uma indicação absoluta. O repouso relativo corresponde aos limites impostos por alguns dos sintomas, como o cansaço ou o desânimo total. O retorno à atividade normal é permitido quando os sintomas gerais e os parâmetros bioquímicos se normalizam.

Também não é necessária dieta estrita nas hepatites agudas de evolução normal. A restrição das gorduras é recomendável somente na fase ictérica ou colestática. A suplementação vitamínica não é necessária, apenas a utilização de vitamina K é indicada quando existem alterações na coagulação.

Medidas gerais

Hepatite A:

A principal fonte de infecção são as fezes contaminadas, sendo a transmissão do Vírus A muito comum entre os membros de uma família, por contato direto através da contaminação da água ou dos alimentos. É importante ressaltar a necessidade de lavar as mãos freqüentemente, particularmente depois da defecação. É preciso ter um cuidado especial com objetos de uso pessoal (escova de dentes, talheres etc.). A filtração e cloração adequada da água e uma rede sanitária eficiente são imprescindíveis. É importante saber que ferver a água durante um minuto faz com que o vírus se torne inativo.

Hepatite B:

A presença do Vírus B no sangue e em todos os fluidos corporais e sua grande resistência ao calor explicam as possibilidades de contaminação. A redução da freqüência das hepatites por transfusões exige o uso moderado das transfusões sangüíneas, limitando-as aos casos onde sejam estritamente necessárias e restringindo sua quantidade ao mínimo necessário. A aplicação de todas as medidas de biossegurança limita a disseminação do vírus, principalmente em todas as práticas realizadas na atividade assistencial à saúde (utilização de luvas, manuseio cuidadoso de agulhas e outros elementos de contato etc.).

Hepatite C:

Com a introdução nos bancos de sangue da pesquisa do anticorpo Anti-Vírus C a partir de 1990, obteve-se uma redução de 50% a 70% dos casos de hepatite por transfusões. Ademais, devem ser consideradas todas as normas de biossegurança já mencionadas.

Hepatite D:

As medidas de prevenção da infecção pelo Vírus B são aplicáveis para o Vírus D.

Hepatite E:

Semelhante ao Vírus A, é fundamental melhorar as condições higiênico-sanitárias, tendo cuidado especial no tratamento da água (fervê-la, clorá-la etc.).

Vacinas

Atualmente há vacinas contra a Hepatite B obtidas mediante técnicas de engenharia genética e uma vacina contra a Hepatite A obtida de vírus mortos. A vacina da Hepatite A é recomendada para os adultos que vão viajar para zonas endêmicas, mas é previsível que se amplie sua indicação a grupos de risco (pessoal de serviços de saúde, enfermeiras pediatras etc.). Em algumas regiões, a vacina da Hepatite B incorporou-se ao calendário de vacinação obrigatório da infância e, em outras, é administrada de modo universal aos adolescentes. Ademais, a sua administração é recomendada em pessoas susceptíveis com elevado risco de contrair a infecção. Entre elas estão os profissionais de serviços de saúde expostos ao contato com o sangue ou seus derivados (laboratórios, bancos de sangue, dentistas, cirurgiões etc. ), pessoas em hemodiálise periódica, hemofílicos, filhos de mães portadoras, cônjuges de doentes com Hepatite B, pessoas de vida sexual promíscua e viciados em drogas


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