"Um golpe na auto-estima feminina em tempos anoréxicos, a celulite, já foi retratada por Renoir como um componente estético e inerente...

Celulite: Um desafio para a ciência e para a estética.


"Um golpe na auto-estima feminina em tempos anoréxicos, a celulite, já foi retratada por Renoir como um componente estético e inerente à feminilidade. A celulite chega a atingir 80% das mulheres com mais de 35 anos de idade. Em diferentes estágios, ela está presente em praticamente todo o universo do proclamado sexo frágil, sendo bastante rara em homens. Com baixo interesse por parte da comunidade científica, este problema predominantemente estético segue sem tratamentos cientificamente comprovados e dá margem às soluções milagrosas oferecidas pela indústria de cosméticos".

O Que é Celulite e Como ela Atinge as Mulheres

Segundo o Dicionário de Medicina Natural, editado pelo Reader´s Digest, o termo celulite foi utilizado por médicos franceses, para o que acreditavam ser uma forma de gordura que se acumula principalmente no corpo das mulheres, localizada nas coxas, nas nádegas, nos braços e no abdome, adquirindo uma aparência áspera e com pequenas depressões.

O Dicionário reconhece que a celulite é especialmente freqüente após a menopausa e que é difícil de eliminar. "Profissionais de saúde e de beleza acreditam que a causa seja uma concentração de toxinas nos tecidos do corpo, que cria bolsas de água, gordura e impurezas, causando distúrbios na circulação. Esta teoria é controversa e muitos médicos não acreditam que a celulite seja uma forma especial de gordura, não a reconhecendo, em alguns casos, como uma situação de âmbito médico", pondera a publicação.

O que conhecemos como celulite, do ponto de vista científico, é denominada por Lipodistrofia Ginóide. Trata-se de uma alteração que ocorre no tecido gorduroso, e se chama ginóide porque é freqüente entre mulheres. Consiste na aparência de aspecto ondulado da pele, que pode, dependendo do grau, apresentar depressões. A celulite é uma inflamação do espaço ao redor das células adiposas que não diz respeito a aumento de gordura, embora esteja muito relacionada à obesidade. Ela aparece entre pessoas de peso normal e até mesmo entre as que estão abaixo do peso.

As mulheres brancas estão mais suscetíveis à celulite do que as negras, e embora não haja relação comprovada com a condição sócio-econômica, há uma relação clara com o tipo de alimentação. Uma alimentação equilibrada e atividade física regular tem uma influência de até 70% no resultado dos tratamentos.

A Celulite, Alteração Multifatorial, é Originária da Própria Condição Hormonal Feminina

Quanto às causas da celulite, elas são várias e associadas. O que leva à celulite é uma alteração com características hereditárias, ou seja, existe uma predisposição genética associada ao próprio hormônio feminino, que se soma a um problema de alteração circulatória local, também relacionado a uma diminuição da drenagem linfática natural. A soma destes fatores resulta no aparecimento desta aparência da pele, que chamamos de celulite, comum nas covas das ancas, coxas, nádegas e abdômen.

A celulite se desenvolve na parte mais superficial das três camadas de gordura existentes abaixo da epiderme e derme, conhecida como hipoderme ou camada subcutânea de gordura. As células de gordura na hipoderme estão organizadas em câmaras de fios de tecido conjuntivo. A armazenagem de gordura e o metabolismo das células adiposas reagem apenas aos hormônios, e não às dietas ou exercício.

Estas células adiposas, presentes nas duas camadas de reserva de gordura, se encontram por baixo da hipoderme e estão dispersas numa rede solta. Dependendo da dieta e do exercício, é variável o grau de armazenagem de gordura e de metabolismo nestas camadas. Nas mulheres, esta camada subcutânea de gordura está organizada em câmaras verticais, ao passo que nos homens, se organiza diagonalmente, e em pequenas unidades que, além de acumularem menos gordura, não resultam em celulite.

Diante destas diferenças morfológicas, nas mulheres as células adiposas se alargam, em função do acúmulo de gordura. As paredes capilares tornam-se excessivamente permeáveis, causando este acúmulo localizado de fluidos, que não conseguem ser eliminados em função de uma drenagem linfática insuficiente. Com isso, as células adiposas agrupam-se e ficam ligadas por fibras de colágeno, impedindo a corrente sanguínea, provocando o endurecimento e contração dos fios do tecido conjuntivo, que puxam a pele para baixo, resultando no aspecto irregular que conhecemos por celulite.

Em especial, relaciona-se a celulite aos hormônios femininos, pois se observa que ela se desenvolve durante os períodos de mudança hormonal, tais como a puberdade, a menopausa, a síndrome pré-menstrual, a gravidez e durante o início do uso da pílula. Os hormônios comandam mudanças na circulação sanguínea, na drenagem linfática, na gordura e no tecido conjuntivo, o que provoca a formação da celulite. Também contribui para a celulite o aumento de peso, a má nutrição, a quantidade insuficiente de água ingerida e o sedentarismo, que se não são causas do mal, provocam a sua piora com o passar dos anos. A idade é acompanhada de perda de consistência e tonalidade do tecido conjuntivo, o que torna a celulite mais visível e flácida.

A celulite é multifatorial. E o fator hormonal, o mais importante, não pode ser excluído. Da mesma forma, é inviável parar o tempo, outro fator que influencia no aparecimento e agravamento da celulite. Por isso, não é possível curar a celulite. Ela é progressiva - piora com a idade - e incurável. Mas existem tratamentos que podem melhora-la.

Tratamentos Ainda não Contam com Embasamento Científico

A falta de trabalhos científicos que comparem a eficácia dos tratamentos é um dos grandes problemas para que o atendimento a esta demanda seja atendida por profissionais.

A termo-regulação, utilizada para medir a alteração térmica da pele, não pode ser arquivada para ser comparada com exames posteriores, e é um sistema influenciado pela temperatura ambiente e pela temperatura do próprio paciente. Teoricamente, no lugar onde há mais celulite há menor atividade circulatória, o que pode ser medido por um sistema térmico, mas existem muitas variáveis que influenciam no resultado, o que prejudica a utilização deste método como diagnóstico científico para realizar uma comparação de resultados antes e depois de um determinado tratamento.

O mesmo ocorre com a fotografia, pois é difícil tirar duas fotos em épocas diferentes, com exatamente a mesma quantidade de luz e no mesmo ângulo, tornando a quantificação de resultados muito difícil.

Para que os diversos métodos de tratamento da celulite tenham comprovação científica, é necessário o uso de metodologia científica.

Assim, seria possível excluir as influências psicológicas e as avaliações tendenciosas. Seria necessário também que os parâmetros de medição de melhora fossem confiáveis.

A pesquisa científica sobre celulite é difícil, porque tem muita variável e não chama a atenção dos médicos, que não a vêem como uma doença. A comunidade médica ainda não encara estas alterações estéticas como uma melhora de qualidade de vida.

Tratamentos Possíveis

Massagens modeladoras, drenagens linfáticas, correntes russas, eletrolipoforese, infravermelho, ultra-som, mesoterapia, lipoaspiração, lipoescultura, cremes, pílulas, cirurgias... O manancial de armas contra a celulite é enorme e produz muito dinheiro para a indústria que explora a angústia feminina diante dos quase inevitáveis furinhos no bumbum. Para a ciência, nenhum destes métodos está comprovado. É preciso, em primeiro lugar, diferenciar alguns dos tratamentos: lipoaspiração e lipoescultura, são técnicas cirúrgicas, invasivas e que não têm por objetivo tratar a celulite, mas reduzir medidas. Todos os métodos são tentativas de melhorar o aspecto da pele e de agir nas várias etapas que causam a celulite.

Partindo deste raciocínio, as drenagens linfáticas (tanto por aparelhos quanto manuais), podem ser úteis ao ajudar a drenar os líquidos que se acumulam nas pernas, assim como todos os tratamentos que ajudam o sangue a circular melhor, também podem apresentar resultados.

A drenagem manual age no sentido de ativar, limpar, regular e nutrir os tecidos. A aceleração da Drenagem Linfática renova o líquido intersticial, renova a capacidade de autodefesa e autopurificação do corpo-humano. A drenagem linfática é de fato indicada para pré e pós-cirurgia plástica, edemas e no combate à celulite, entre outras indicações.

A mesoterapia com agulhas, por exemplo, programa que vem sendo anunciado com sucesso pelas clínicas estéticas, é um procedimento antigo, usado para outros fins. Consiste na injeção de enzimas nas regiões do corpo com maior incidência de gordura localizada e celulite. Trata-se de um procedimento que só deve ser feito por médicos especializados (é dolorido e causa hematomas).

Eletrolipoforese significa a aplicação, através de um aparelho, de correntes polarizadas que promovem o aumento da atividade celular. Através de eletrodos de silicone condutivo, há promessas de melhora do fluxo linfático e sangüíneo, que produziria a dissolução dos nódulos de celulite.

Outra técnica bastante popular é a do Ultra-som. As ondas ultra-sônicas possuem a capacidade de aquecer em profundidade os tecidos humanos. Associando-a com enzimas, acredita-se que haja eficácia no tratamento da celulite.

Outro processo anunciado para combater a celulite - e, de quebra, a gordura localizada e a flacidez - é a Crioterapia. É definido pela aplicação de uma solução a base de cânfora e mentol nas áreas atingidas, provocando uma queda de temperatura local. "Com isso, o organismo utiliza os lipídios de reserva, para recuperar seu equilíbrio térmico, e desta forma há redução de volume onde as bandagens foram aplicadas. O choque térmico sobre a pele provoca a retração das fibras dos tecidos da derme reduzindo a flacidez. O aumento da circulação sangüínea favorece a drenagem linfática auxiliando na melhora do quadro celulítico.

Entre outras técnicas, existe ainda a Endermoterapia sistema recentemente introduzido no tratamento de celulite e modelagem, também indicado para a recuperação pós-operatória da lipo-aspiração. Trata-se de mais um equipamento que massageia a pele, com movimentos de sucção e rolamento, que promete ativar a circulação e corrigir as irregularidades da pele.

Técnica Inovadora

Um tratamento mais novo, chamado Subcision. Esta técnica consiste em anestesia local e método de descolamento da fibrose que existe no nível do tecido adiposo. Trata-se de um procedimento de pequeno porte, ambulatorial.

Menos agressivo que um procedimento cirúrgico, como a lipoaspiração, o Subcision é mais agressivo que a mesoterapia. Talvez este seja um dos primeiros tratamentos que está permitindo a documentação científica da melhora nos pacientes. Ele está indicado para um grau de celulite que tem retração, não é para os primeiros graus. Também é bem localizado, não sendo aplicado na coxa inteira, mas apenas nos pontos mais atingidos.

Os cremes, lucro certo para a indústria cosmética, também não têm comprovação científica. Com custos muito variáveis, eles exigem disciplina nas aplicações, que, na maioria, devem ser de três vezes ao dia e durar cerca de 15 minutos. De acordo com os dermatologistas a absorção de suas fórmulas pela pele não é comprovada, embora eles possam, sim, provocar uma melhora na aparência da superfície da pele, no mínimo por torna-la mais hidratada.

Mas se você fizer só isso e não entrar em um programa de reeducação alimentar e também em um programa de exercícios e se não se mantiver neste programa para o resto da vida, não terá resultado. A celulite, um processo progressivo que precisa de tratamento permanente.


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