A dor é definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a lesão aos tecidos orgânicos confirmada ou potencial...

Analgésicos.


  A dor é definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a lesão aos tecidos orgânicos confirmada ou potencial. Como a dor é uma queixa subjetiva, não há uma maneira definitiva de se diferenciar a dor resultante da lesão da dor na ausência de lesão. Todas as pessoas vivenciam a dor em algum momento de duas vidas, seja uma dor de dente, dor de cabeça, infecções, lesão durante a prática de esporte ou após cirurgias. A dor é um mecanismo de defesa importante, porque indica à pessoa que algo está errado. A dor pode ser tratada de várias maneiras, sendo a mais comum o uso de analgésicos.

Os analgésicos são medicamentos com função de aliviar a dor. O alívio causado por esses medicamentos pode ocorrer por meio do bloqueio dos estímulos dolorosos antes de chegarem ao cérebro ou pela interferência na forma como o cérebro interpreta esses estímulos, sem levar a anestesia ou perda da consciência (desmaio). Os analgésicos compreendem diversos medicamentos diferentes, sendo divididos basicamente em dois grupos: ao analgésicos narcóticos e os não-narcóticos.

Analgésicos Não-Narcóticos

O paracetamol e a dipirona são os analgésicos não-narcóticos mais comumente empregados sem prescrição médica.

A dipirona começou a ser usada no combate à febre e à dor em 1922, na Alemanha. Seu mecanismo de ação não está completamente definido, mas acredita-se que ela tenha efeitos no cérebro e na medula espinhal. Parece que ela atua de maneira semelhante aos antiinflamatórios, bloqueando a produção de substâncias que lesam os tecidos e transmitem estímulos dolorosos. O paracetamol é um analgésico bastante popular porque é eficaz no alívio da dor leve a moderada e é de baixo custo. Tanto a dipirona quanto o paracetamol são encontrados associados a outros medicamentos em diversas preparações para tratamento da dor, devendo-se levar essa questão em conta para não exceder a dose diária recomendada.

Analgésicos Narcóticos

Existem dois tipos de analgésicos narcóticos: os opiáceos e os opióides (derivados dos opiáceos). Os opiáceos são compostos encontrados no ópio, que é um líquido extraído das sementes da papoula.

Os opióides são medicamentos que atuam no cérebro ligando-se a receptores de opióides. São classificados da seguinte maneira:

Opióides endógenos: produzidos pelo próprio organismo, incluem as endorfinas e encefalinas
Alcalóides do ópio: morfina, codeína
Opióides semi-sintéticos: produzidos em parte de maneira artificial, como a hidroxicodona, a oximorfona e a oxicodona
Opióides totalmente sintéticos: metadona, fentanil, tramadol
Esses medicamentos são analgésicos fortes, sendo usados no tratamento da dor crônica e intensa. Interessante notar que não existe uma dose máxima de analgésico opióide, sendo recomendado o aumento gradativo da dose até que se consiga aliviar a dor, mantendo-se efeitos colaterais toleráveis.

Existe uma grande preocupação quanto ao potencial de dependência dos opióides, porém deve-se sempre pensar nos seus benefícios para o tratamento da dor. Seu uso melhora tanto a qualidade de vida dos pacientes, que não se justifica negar esse tratamento ao paciente que tenha real indicação de seu uso.

Antiinflamatórios

Os antiinflamatórios são medicamentos cuja função é reduzir o grau de inflamação dos tecidos, como o próprio nome diz. Eles são classificados basicamente em dois grupos: esteroidais e não-esteroidais. Os antiinflamatórios esteroidais incluem os corticóides e seus derivados. Os não-esteroidais são representados pela maioria dos medicamentos usados com intuito de reduzir a inflamação, incluindo: aspirina, diclofenaco, naproxeno, ibuprofeno, nimesulida, cetoprofeno, piroxican, tenoxican.

Os antiinflamatórios não são analgésicos propriamente ditos, porém atuam reduzindo a inflamação e, conseqüentemente, a lesão dos tecidos. Assim, eles diminuem a causa da dor, levando a alívio importante da mesma.

Quando usar os analgésicos

Os medicamentos com propriedades analgésicas são bastante eficazes no alívio da dor e do desconforto de diversas causas, como a enxaqueca, resfriados e gripe, outras dores de cabeça, dores nas costas, cólicas menstruais, dores musculares e dores associadas ao câncer. No entanto, exceto nos casos de dor crônica (dores que duram mais de três semanas e que ocorrem diariamente) e associada ao câncer, de preferência os analgésicos devem ser usados pelo mínimo período de tempo necessário e, de preferência, apenas com orientação médica.

Interações dos analgésicos com outras drogas

A combinação dos analgésicos com outras drogas pode ser perigosa. O uso concomitante desses medicamentos e de álcool pode causar tonteira, perda da coordenação e redução dos reflexos. Assim, o indivíduo fica incapaz de dirigir ou comandar máquinas.

Sempre que você receber uma prescrição de analgésico, conte ao seu médico caso faça uso de outros medicamentos, para que ele avalie se ocorrerá alguma interação que reduza ou aumente o efeito de algum desses medicamentos. Em alguns casos, é necessária a troca do medicamento.

Toxicidade do paracetamol

A dose máxima diária de paracetamol, para adultos, é de 4g, e para crianças é de 90mg/Kg. No entanto, em alguns casos a dose necessária para causar efeitos colaterais no fígado pode ser bem menor, devido a alterações decorrentes de outras causas, como alcoolismo, desnutrição e doenças virais. Quando o paciente utiliza a dose recomendada, de maneira correta, o risco de lesão no fígado é bem pequeno.

As alterações no fígado começam a ocorrer após 24-48 horas de ingestão. No início, o paciente não tem sintomas, mas com o passar do tempo evolui com perda de apetite, mal-estar, náuseas/vômitos, dor abdominal, icterícia (“amarelão”), piora da função dos rins e sangramentos. O quadro, muitas vezes, resolve-se espontaneamente, porém ao primeiro sinal de sintomas o paciente deve procurar atendimento médico para que seja administrado o antídoto, a N-acetilcisteína.

Toxicidade da dipirona

A dipirona é um analgésico bastante empregado na Europa, América Latina e Ásia, embora tenha sido proibida sua venda em diversos países, como os EUA, devido ao risco de efeitos colaterais na medula óssea (que produz as células do sangue).

Apesar dos relatos de associação da dipirona a esses efeitos colaterais, a maioria das publicações a respeito mostraram que o risco de redução das células sanguíneas é muito baixo, de cerca de 1,1 caso por um milhão de pessoas que fazem uso. Assim, o risco de toxicidade é semelhante, ou até menor, que o de outros analgésicos. No Brasil, a agência que regula a comercialização dos medicamentos concluiu que a dipirona é um medicamento que está no mercado há mais de 80 anos, sendo seguro e eficaz no controle da dor e da febre.

Efeitos colaterais dos Opióides/Opiáceos

Efeitos colaterais mais comuns:

Enjôos/vômitos
Tonteira
Boca seca
Pupilas contraídas
Queda da pressão arterial quando a pessoa fica em pé (hipotensão ortostática)
Retenção de urina
Constipação intestinal
Efeitos colaterais menos comuns:

Confusão mental
Halucinações
Coceira/lesões de pele
Queda da temperatura do corpo
Redução ou aumento da freqüência de batimentos cardíacos
Rigidez muscular
Efeitos colaterais graves

Depressão respiratória (diminuição da respiração)
Overdose fatal
Efeitos colaterais dos antiinflamatórios não-esteroidais

A maioria das pessoas tolera bem o uso dos antiinflamatórios não-esteroidais, porém podem ocorrer efeitos colaterais. Eles incluem:

Sistema Digestivo: o uso por curto período pode causar dos no estômago (dispepsia). O uso mais prolongado, principalmente em doses altas, pode causar úlcera gástrica e sangramento no estômago.
Fígado: o uso prolongado desses antiinflamatórios pode causar lesão no fígado.
Rins: o uso, mesmo que por período curto, pode prejudicar os rins, principalmente em pessoas que já apresentam problema renal.
Ouvidos: indivíduos que usam aspirina em doses altas podem apresentar zumbido nos ouvidos (tinido), embora esse sintoma possa ocorrer com outros antiinflamatórios. Costuma melhorar após redução da dose do medicamento.

 


Você também pode se interessar

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.